As vendas no comércio varejista brasileiro registraram uma queda de 1% em junho, interrompendo uma sequência de cinco meses consecutivos de crescimento. Essa retração ocorre após o setor ter atingido um recorde histórico em maio, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (14). Apesar do recuo mensal, o varejo acumula uma alta de 5,2% no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O desempenho negativo de junho pode ser atribuído a dois fatores principais: o efeito rebote, uma retração natural após um período de forte crescimento, e a pressão inflacionária que impactou de maneira significativa as vendas em determinados segmentos, especialmente de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. Esses itens, que representam a principal atividade do comércio varejista, sofreram uma queda de 2,1% em relação a maio, puxando para baixo o resultado geral do setor.
Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE, explica: "A intensa queda dos setores de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, aliada à retração em outros artigos de uso pessoal e doméstico, que caiu 1,8%, é uma resposta direta à inflação, especialmente nos itens de alimentação no domicílio. Embora o índice geral da inflação tenha recuado em junho, a pressão nos preços dos alimentos pesou sobre o consumo das famílias."
Em contraste, algumas categorias do comércio varejista apresentaram desempenho positivo em junho, como móveis e eletrodomésticos, que cresceram 2,6%, e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, com alta de 1,8%. Essas variações positivas, no entanto, não foram suficientes para compensar as quedas registradas nos outros setores.
No comparativo anual, as vendas no varejo em junho de 2024 avançaram 4% em relação a junho de 2023. Seis das oito atividades pesquisadas pelo IBGE apresentaram crescimento, com destaque para artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, que registraram um expressivo aumento de 15,1%, e outros artigos de uso pessoal e doméstico, que cresceram 7,6%. Por outro lado, combustíveis e lubrificantes (-4,1%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-8,1%) registraram quedas no mesmo período.
O comércio varejista ampliado, que inclui setores como veículos, motos, partes e peças, além de material de construção, também teve variação positiva em junho, com crescimento de 0,4% na comparação com maio. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, no entanto, houve um recuo de 1,5%. Entre as atividades complementares, veículos e motos, partes e peças se destacaram com uma alta de 7%, enquanto material de construção subiu 3,9%.
A análise regional dos dados revela que, entre as 27 unidades da federação, 20 registraram queda nas vendas em junho na comparação com maio. O Amapá (-8,7%), Bahia (-2,8%) e Tocantins (-2,7%) foram os estados com as maiores retrações. Por outro lado, a Paraíba (2,4%), Rio Grande do Sul (1,8%) e Rondônia (1%) apresentaram os melhores desempenhos. No comércio varejista ampliado, 15 unidades da federação tiveram resultados positivos, com destaque para Rio Grande do Sul (13,8%), Mato Grosso do Sul (4,8%) e Paraíba (4,5%).
No acumulado do primeiro semestre de 2024, o varejo manteve uma trajetória de crescimento, com uma alta de 5,2% em comparação ao mesmo período de 2023. Este é o quinto semestre consecutivo de expansão, evidenciando a recuperação do setor após o impacto negativo da pandemia de COVID-19. Entre as atividades que mais contribuíram para esse resultado, destacam-se artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, com um crescimento de 14%, e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que cresceram 6%.
Já no comércio varejista ampliado, o primeiro semestre de 2024 registrou um crescimento de 4,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Veículos e motos, partes e peças, com alta de 12,2%, e material de construção, que subiu 2%, foram os principais destaques positivos. Entretanto, o atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, teve uma queda de 6,5% nas vendas.
A queda nas vendas do comércio varejista em junho sinaliza um momento de ajuste após um período prolongado de crescimento, mas não compromete o desempenho positivo do setor no acumulado do ano. A alta de 5,2% no primeiro semestre de 2024 reflete uma recuperação sólida, impulsionada por setores essenciais como alimentação e saúde. O comércio varejista ampliado também segue em expansão, reforçando a resiliência do setor em meio a desafios econômicos. A próxima divulgação da PMC, prevista para 12 de setembro, trará uma nova leitura do desempenho do comércio em julho, oferecendo mais insights sobre as tendências do varejo brasileiro.
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