A Dívida Pública Federal (DPF) do Brasil atingiu a marca de R$ 6,638 trilhões em março, representando um aumento de 0,65% em relação ao mês anterior. Ainda que o valor tenha subido, o indicador continua abaixo das expectativas previstas pelo governo. Segundo dados divulgados pelo Tesouro Nacional nesta terça-feira (30), essa elevação reflete principalmente o alto volume de vencimentos de títulos públicos.
O montante da DPF superou a marca dos R$ 6 trilhões pela primeira vez em abril do ano passado. No entanto, mesmo com o aumento registrado em março, o estoque da dívida permanece abaixo das projeções estabelecidas pelo Plano Anual de Financiamento (PAF), apresentado no final de fevereiro. O PAF estima que a DPF encerre o ano de 2024 entre R$ 7 trilhões e R$ 7,4 trilhões.
A Dívida Pública Mobiliária interna (DPMFi), que corresponde aos títulos emitidos no mercado nacional, apresentou um acréscimo de 0,67% em março, totalizando R$ 6,362 trilhões. Esse aumento foi impulsionado principalmente pelo resgate de títulos públicos corrigidos pela Taxa Selic, que resultou em uma despesa de R$ 55,25 bilhões em juros.
O Tesouro Nacional emitiu um volume expressivo de R$ 168,72 bilhões em títulos da DPMFi no último mês, o maior valor desde janeiro deste ano. Esse montante foi utilizado, em grande parte, para substituir títulos corrigidos pela Taxa Selic que venceram em março. Entretanto, os resgates também foram significativos, totalizando R$ 182,09 bilhões, mais de cinco vezes o valor registrado em fevereiro.
No mercado externo, a Dívida Pública Federal externa (DPFe) também apresentou um leve aumento, passando de R$ 276,14 bilhões em fevereiro para R$ 276,73 bilhões em março. Esse crescimento foi influenciado pelo avanço de 0,26% do dólar no último mês. No entanto, o dólar começou a se valorizar apenas em abril, devido ao atraso no início da redução dos juros nos Estados Unidos.
O colchão da dívida pública, utilizado como reserva financeira em momentos de instabilidade, registrou aumento pelo segundo mês consecutivo, passando de R$ 885 bilhões em fevereiro para R$ 887 bilhões em março. Atualmente, o colchão é capaz de cobrir 6,95 meses de vencimentos da dívida pública, que totalizam R$ 1,211 trilhão nos próximos 12 meses.
A composição da DPF também apresentou alterações, com a proporção de títulos corrigidos pela Taxa Selic caindo levemente devido aos vencimentos. Por outro lado, a fatia de títulos prefixados e corrigidos pela inflação aumentou, refletindo as estratégias do Tesouro diante do cenário econômico. Apesar dos desafios, as instituições financeiras seguem como os principais detentores da DPF interna, com 29,3% de participação no estoque.
A gestão da dívida pública é um desafio constante para o governo, que busca manter a sustentabilidade fiscal e garantir o financiamento das despesas públicas. As estratégias adotadas pelo Tesouro Nacional visam mitigar os riscos e assegurar a confiança dos investidores, contribuindo para a estabilidade econômica do país.