Milhões de crianças e adolescentes no Brasil enfrentam uma crise de acesso adequado à água potável, revelam dados divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta quinta-feira (21), às vésperas do Dia Mundial da Água. Segundo a análise baseada no Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 2,1 milhões de jovens de zero a 19 anos vivem sem acesso adequado à água no país.
O estudo aponta disparidades preocupantes entre diferentes grupos étnicos. Enquanto o percentual de crianças e adolescentes negros sem acesso adequado à água é de 4,7%, o dobro do registrado entre brancos, de 2,2%, a situação é ainda mais alarmante entre os indígenas, com um percentual 11 vezes maior do que o de brancos, atingindo 25%.
Os estados com os maiores percentuais de jovens sem acesso adequado à água estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste do país, evidenciando desigualdades regionais significativas.
Além disso, dados do Censo Escolar 2023 revelam que 1,2 milhão de estudantes estão matriculados em 7,5 mil escolas públicas sem água potável. Dessas, 184 mil crianças estão em 2,7 mil escolas onde o acesso à água é inexistente.
A falta de acesso à água potável pode acarretar uma série de problemas que prejudicam o desenvolvimento dos jovens, incluindo riscos de doenças, abandono ou atraso escolar e aumento das desigualdades. Estudos mostram que a diarreia, muitas vezes relacionada à falta de saneamento básico e acesso à água limpa, é responsável por 20% das mortes de crianças abaixo de 5 anos a cada ano em todo o mundo.
Diante desse cenário preocupante, o Unicef recomenda uma série de medidas, incluindo a priorização de investimentos no setor, ampliação e fortalecimento dos serviços de acesso à água potável e a aprovação do PL 5696/23, que exige o fornecimento de água potável nas instituições de ensino. Essas medidas visam mitigar as desigualdades e garantir um futuro mais saudável e equitativo para todas as crianças e adolescentes brasileiros.